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Doenças autoimunes: o que é, quais são, sintomas e tratamentos
Por CAROLINE GONCALVES DA COSTA as 13:37 - 6/05/2025
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O organismo humano tem um sistema de defesa bastante complexo, que trabalha para nos proteger de agentes infecciosos como os vírus e as bactérias. Contudo, em algumas situações, esse sistema, ao invés de combater invasores, começa a atacar as células saudáveis por engano — essa ‘confusão’ no sistema imunológico é o que causa as chamadas doenças autoimunes.
Mas quais são as doenças autoimunes mais comuns? Como elas se manifestam e quais são as opções de tratamento? Além dessas questões, as causas dessas condições ainda são um mistério, e seus sintomas variam muito, dependendo principalmente da área do corpo afetada.
Para saber mais sobre as doenças autoimunes, como lidar com elas, entre outras informações, neste artigo, te contaremos tudo o que você precisa saber sobre o tema. Confira!
O que significa doença autoimune?
Como mencionamos, nosso sistema imunológico é como uma rede complexa que nos protege de ameaças externas, como vírus e bactérias. Ele precisa ser forte para combatê-las, mas também delicado para não atacar o próprio organismo.
Quando esse equilíbrio se rompe, surgem as chamadas doenças autoimunes (sistêmicas ou órgão-específicas), nas quais o sistema imune passa a agredir órgãos, tecidos, células e moléculas saudáveis. Isso acontece porque o corpo perde a capacidade de diferenciar o que é próprio do organismo e o que é estranho, levando a uma resposta desequilibrada e a geração de doenças.
Tipos de imunidade
Para entendermos melhor as doenças autoimunes, primeiro precisamos conhecer os principais tipos de imunidade e como eles atuam em conjunto para proteger nosso corpo. Afinal, o sistema imunológico depende da colaboração entre esses diferentes mecanismos de defesa. Existem basicamente dois tipos:
1. Imunidade inata (ou natural)
O sistema imunológico inato é a defesa inicial do corpo contra invasores, agindo de forma rápida e genérica contra qualquer ameaça e eliminando os invasores, como bactérias de um ferimento, em poucas horas. No entanto, sua ação é limitada e não impede a propagação de germes, pois não possui “memória” para reconhecer invasores já encontrados antes.
Dessa forma, por ser a responsável pela remoção células mortas e danificadas do organismo, quando a imunidade inata falha, esses resíduos celulares podem se acumular e acionar o sistema imune adaptativo — desencadeando uma resposta autoimune e um possível surgimento de doenças relacionadas.
2. Imunidade adaptativa (adquirida)
Quando a imunidade inata não consegue eliminar uma infecção, a imunidade adaptativa entra em ação, identificando o invasor e criando uma resposta específica para combatê-lo.
Esse processo é mais lento, porém mais preciso, e gera “memória imunológica” para combater futuras contaminações pelo mesmo agente — é justamente essa memória que se torna a base da imunização contra doenças infecciosas.
No entanto, alguns invasores (patógenos) podem ter moléculas parecidas com as do nosso corpo. Nesse contexto, quando o sistema imune adaptativo os ataca, ele pode acabar confundindo e atacando também células saudáveis, desencadeando uma doença autoimune.
Leia também: Dicas de como aumentar a imunidade e fortalecer o sistema imunológico
Quais são as doenças autoimunes mais comuns?
Agora que você já entende o que são doenças autoimunes e como funciona o sistema imunológico, vamos conhecer as 5 doenças autoimunes mais comuns? A seguir, te explicamos cada uma delas em detalhes, incluindo suas possíveis causas e principais sintomas.
1. Lúpus
Segundo o Ministério da Saúde, o lúpus é uma doença inflamatória autoimune que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro.
As causas exatas dessa doença ainda são desconhecidas, mas acredita-se que a combinação de fatores ambientais, genéticos, hormonais e infecciosos possa contribuir para o seu desenvolvimento.
Existem, resumidamente, quatro tipos principais de lúpus:
Sistêmico: o tipo mais comum, podendo afetar todo o corpo.
Discoide: causa lesões cutâneas, principalmente no couro cabeludo e rosto, podendo evoluir para o tipo sistêmico se não tratado.
Induzido por medicamentos: surge pelo uso de algumas drogas, pode afetar a pele ou o corpo todo. Costuma desaparecer com a suspensão do medicamento.
Neonatal: bastante raro, afeta bebês de pessoas com lúpus. Se não tratado devidamente, pode desencadear complicações cardíacas.
Dentre os principais sintomas do lúpus estão: febre, cansaço persistente, lesões na pele que se agravam com a exposição ao sol, dor e rigidez nas articulações, inchaço nos membros, dor no peito ao respirar profundamente, dor de cabeça, feridas na boca e mal-estar geral.
Leia também: Doenças de pele: quais são e como tratar?
2. Doença celíaca
A doença celíaca é uma doença autoimune no qual o sistema imunológico reage ao glúten, principal proteína presente no trigo, aveia, cevada e centeio, causando uma inflamação no organismo.
Esse processo inflamatório danifica o revestimento do intestino delgado, destruindo as vilosidades intestinais, responsáveis pela absorção de nutrientes. Dessa forma, o corpo começa a ter dificuldades de processar adequadamente as vitaminas e minerais dos alimentos ingeridos.
No geral, os primeiros sinais da doença celíaca geralmente surgem entre seis meses e dois anos e meio de idade, mas podem se manifestar em qualquer fase da vida. Alguns dos sintomas são:
Diarreia ou prisão de ventre crônica.
Dor abdominal.
Inchaço na barriga.
Falta de apetite.
Perda de peso.
Fezes volumosas e excepcionalmente fétidas.
Estima-se que 2 a 2,5 milhões de pessoas no Brasil possuam a doença celíaca, mas a maioria desconhece a condição, conforme a Biblioteca Virtual em Saúde. Apesar de comum, a doença ainda é pouco diagnosticada, aumentando consideravelmente o risco de complicações.
Leia também: O intestino é seu ‘segundo cérebro’. Cuide bem dele e viva melhor
3. Artrite reumatoide
A Artrite Reumatoide (AR), conforme definição da Sociedade Brasileira de Reumatologia, é uma doença inflamatória crônica que pode afetar várias articulações, causando inchaço, dor e, em casos mais graves, deformidades que dificultam as atividades do dia a dia.
Tal condição pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, mas é mais frequente na meia-idade (por volta dos 50 anos). Vale ressaltar que fatores como histórico familiar da doença, idade avançada, tabagismo e obesidade aumentam o risco de desenvolvê-la.
Os sintomas mais comuns da artrite reumatoide são:
Inchaço, rigidez e sensibilidade nas articulações.
Rigidez matinal ou após inatividade que demora passar.
Nódulos firmes e avermelhados na pele.
Fadiga e cansaço constantes.
4. Esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que ataca a bainha de mielina — revestimento protetor dos neurônios no sistema nervoso central. Essa agressão pode causar inflamação e lesões em áreas como cérebro, tronco cerebral, nervos ópticos e medula espinhal.
Tal doença pode surgir da combinação de predisposição genética com fatores ambientais que agem como gatilhos, como infecções virais, tabagismo e até obesidade.
Os sintomas mais característicos da esclerose múltipla incluem:
Fraqueza ou cansaço constantes.
Distúrbios sensoriais (como dormência e formigamentos).
Distúrbios visuais (como vertigem).
Aperto no peito ou em torno do tronco.
Espasmos musculares.
Dificuldades cognitivas.
5. Alopecia areata
A alopecia areata é uma doença inflamatória que causa a queda de cabelo em áreas arredondadas, formando falhas no couro cabeludo ou em outras partes do corpo. Em alguns casos, a queda pode ser generalizada, atingindo toda a área da cabeça e até mesmo os demais pelos do corpo.
Vale ressaltar que a condição pode causar diferentes graus de perda de fios — em alguns deles, a perda é pequena e localizada, enquanto em outros, pode ser bem mais extensa.
Dentre os principais sintomas da alopecia areata estão:
Perda de cabelo repentina
Coceira no couro cabeludo.
Sensação de queimação antes da queda dos fios.
Alterações nas unhas (como pequenas depressões, sulcos ou manchas brancas).
A evolução da alopecia areata não é previsível. Fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos são alguns dos gatilhos que podem desencadear ou agravar o quadro.
Leia também: O que fazer com a queda de cabelo?
Como é feito o diagnóstico de doenças autoimunes?
Quando alguém apresenta sintomas que podem indicar uma doença autoimune, o primeiro passo é conversar com uma figura médica, em especial o reumatologista, que escutará as queixas e avaliará o histórico de saúde do(a) paciente.
Em seguida, para confirmar ou descartar as suspeitas, são solicitados alguns exames. Um exemplo é o FAN (fator antinúcleo) — exame que detecta a presença de autoanticorpos, auxiliando a identificar a causa dos sintomas e fornecendo informações importantes para o diagnóstico.
Além disso, exames mais específicos podem ser requisitados, como o anti-DNA para lúpus, o anti-CCP para artrite reumatoide, entre outros. Lembrando que a seleção dos exames se baseia, sobretudo, nos sintomas e sinais mais evidentes apresentados pela pessoa.
Tratamentos para doenças autoimunes
O tratamento para doenças autoimunes é bastante variado e o objetivo principal é aliviar os sintomas e evitar que as condições continuem se desenvolvendo.
Geralmente, são utilizados medicamentos que controlam a atividade do sistema imunológico, diminuindo a inflamação e os danos nas articulações, tecidos e órgãos, como os:
1. Imunossupressores
Esses medicamentos reduzem a ação do sistema imune, ajudando a reduzir a inflamação e os danos aos tecidos do corpo. Alguns exemplos desses medicamentos são os corticosteroides (como prednisona, dexametasona e prednisolona), o metotrexato e a azatioprina.
Leia também: Corticoides: o que são, tipos, para que servem e efeitos colaterais
2. Imunomoduladores
Imunomoduladores agem no sistema imunológico regulando a resposta do corpo contra ameaças à saúde. Eles modificam a resposta imune e controlam a inflamação. Exemplos incluem inibidores de TNF-alfa (como infliximabe e adalimumabe) e interferons.
3. Anticorpos monoclonais
Agem como bloqueadores do sistema imune, impedindo que certas moléculas ou células ataque contra o próprio corpo. Alguns exemplos são o rituximabe e o ocrelizumabe.
Além de entender sobre as doenças autoimunes, seus sintomas e formas de tratamento, é indispensável poder contar com uma farmácia que disponha de uma ampla gama de fármacos para te auxiliar a ter mais qualidade de vida.
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